Artigo: Ouçam o Sistema S, por Marcelo Baiochi

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Ouçam o Sistema S

O Sistema S está, injustamente, ameaçado de corte de repasse de recursos pelo governo federal. A fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, de “meter a faca” nos repasses em até 50% é um equívoco. Mostra desconhecimento sobre o Sistema e desconsidera a consequente redução de suas ações sociais, que, hoje, beneficiam milhões de pessoas no Brasil. Isso pode ser corrigido com diálogo: em uma democracia, não cabem decisões unilaterais.      

A medida não é corte de gastos públicos: esse recurso não é do governo. É arrecadado do empresário, que o administra e volta em benefícios para o trabalhador. Tem, constitucionalmente, destinação às entidades privadas de serviço social e de formação profissional, vinculadas ao sistema sindical. Se a destinação social se cumpre, nas contribuições inegáveis do Sesc e do Senac para a melhoria da qualidade vida de milhões de cidadãos, como pensar em cortes? Há anos, o comércio tem no Sistema S uma atuação social forte na educação, na qualificação para o trabalho e na assistência.  

Em Goiás, só em 2018, os programas educacionais do Sesc atenderam cerca de 6 mil e 700 alunos; mais de 111 mil pessoas prestigiaram programações de artes cênicas e musicais. No esporte, foram mais de 12 mil atletas amadores nas competições. Pelo Programa Mesa Brasil, distribuímos 113 mil quilos de alimentos. O Senac atua na qualificação profissional em 18 unidades, uma móvel, três centros em Goiânia, além da Faculdade Senac Goiás e unidades fixas em 14 cidades.

Cortar do Sistema S é reduzir o desenvolvimento do Brasil, um retrocesso. Com ou sem os cortes, ele vai continuar existindo, mas quem vai perder é a sociedade. Estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta que a redução de 30% nas alíquotas da contribuição social traria a demissão para mais de 23 mil profissionais, o fechamento de 314 unidades fixas e o fim da operação de 70 móveis, em todo o Brasil, nos dois serviços. Seriam menos 590 mil atendimentos em cursos e ações de educação profissional e menos R$ 545 milhões para os cursos gratuitos, cortando mais de  101 mil vagas.

Antes de instaurar polêmicas, o governo deve manter o diálogo com os segmentos da sociedade. Seria melhor, primeiro, ouvir mais, evitando “soluções” para problemas que não existem. Os empresários do comércio estão preparados para continuar a discutir e sugerir caminhos para o desenvolvimento do Brasil: a porta sempre esteve aberta para o diálogo. E queremos continuar ajudando o país.

Marcelo Baiocchi é presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac em Goiás.
 

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